Rodrigo Teaser: O jovem que dá ‘vida’ ao eterno Michael Jackson

Rodrigo Teaser

Paulistano de 35 anos e simplesmente apaixonado pelo Rei do Pop Michael Jackson. Este é Rodrigo Teaser, o cover oficial que vem fazendo turnê pelo Brasil inteiro com o espetáculo musical “Tributo ao Rei do Pop”, assistido por mais de 1 milhão de pessoas, e é com ele o nosso bate papo da vez, um bate papo bem descontraído... Confira:

L.F.: Rodrigo, primeiramente muito obrigado por ter achado um tempo em sua agenda tumultuada para nos conceder essa entrevista, seja muito bem vindo ao Blog do Lynno. De onde surgiu a ideia de fazer o cover do Rei do Pop Michael Jackson?

R.T.: Lynno, eu que agradeço pelo convite, muito obrigado por acompanhar o meu trabalho. Bom, na verdade não foi bem uma ideia! (risos), eu tinha isso como um passa tempo, uma brincadeira desde criança. Por ser muito tímido, minha mãe me colocou num desses cursos para crianças fazerem propagandas, cantarem, fazerem de tudo... Era uma intenção de que eu perdesse a timidez e interagisse mais com outras crianças. Lá teve uma brincadeira de imitar alguém, eu tinha 9 anos e já brincava de imitar o Michael Jackson em casa. Foi uma sensação tão boa, tão gostosa que minha mãe passou a me colocar em tudo que era concurso infantil, apresentação infantil... Eu tinha 9 anos e nunca mais parei (risos).

L.F.: Você se parece muito com ele. Você realizou alguma cirurgia plástica para tal fato?

Rodrigo Teaser momentos antes do espetáculo
"Tributo ao Rei do Pop"

R.T.: Eu não me acho parecido com ele, (risos), eu adoraria parecer com ele, especialmente na época de BAD (risos), mas mesmo assim sem parecer eu já fiz uma rinoplastia.

L.F.: Como é para você ser reconhecido por milhares de fãs e seguidores do Rei do Pop pelo mundo inteiro?

R.T.: Isso é pra mim é o que define o que eu faço. Eu sou só um fã, não sou o criador daquilo que eu apresento como cover. Eu não sou um cara famoso, logo, não levo público para o show pela fama, não sou rico fazendo isso... É preciso batalhar muito e saber lidar com os altos e baixos de um artista independente. Então o que fica pra mim, que eu defendo com toda força é esse reconhecimento. Porque eu sou fã, eu sei o que me desaponta e o que me alegra... Se de alguma forma eu consigo atrair a atenção de um fã do Michael Jackson, transformo isso em curiosidade e isso se torna uma amizade ou uma outra forma de seguir o que eu faço, isso pra mim é uma vitória muito grande.

L.F.: Qual foi a emoção de ter participado da festa de 30 anos de carreira solo do Michael?

R.T.: Se for o show de 2002 de Nova York, eu fui convidado, autorizado pelo escritório dele na época, a MJJ Productions, mas não pude ir, não me deram visto. Disseram que o que eu faço seria um trabalho de risco e que uma vez lá eu jamais iria querer voltar, porque lá eu ia ganhar mais, ser mais respeitado e não teria pra voltar. Isso vai ser pra sempre minha maior frustração de vida. De certa forma eu revisito essa sensação cada vez que tento tirar visto e me negam, (risos)... Mesmo hoje, tendo minha própria produtora, pagando impostos, arrecadando todos os documentos e fazendo tudo ABSOLUTAMENTE dentro da lei, eles não me dão o visto... A última vez, que foi em Março, na entrevista a responsável me disse. “Você ainda é muito fã do Michael Jackson” (risos).

L.F.: No ano da morte de Michael Jackson, no dia mesmo, o que você sentiu?

O astro do Pop Michael Jackson recebeu homenagens
de toda parte do mundo

R.T.: Senti um misto de sentimentos, alguns deles que eu ainda não sei lidar. De inicio uma sensação de que as coisas não faziam mais sentido. Minha primeira reação foi querer jogar todas as minhas roupas e maquiagem fora. Por um tempo eu me sentia prostituindo a arte dele, porque querendo ou não eu fazia shows para um público restrito, mesmo tento enchido teatros de 600 ou 700 lugares antes dele partir eu achava que era um público restrito, era a minha gente, fãs do Michael Jackson, meu grupo... A partir da partida dele, ele conquistou novos fãs, novos públicos e até que eu percebesse que isso era natural e que essas pessoas passaram a ama-lo também eu me sentia prostituindo a arte dele. Foi um período que eu neguei muito show, evitei muita coisa. E foi respondendo milhares de mensagens de fãs do Michael Jackson num momento triste que eu percebi que tinha um lugar pra mim dentro disso tudo. É uma coisa muito maior do que eu, eu sou uma engrenagem muito pequena dentro de um proposito muito maior, todos nós somos. E quanto mais eu respondia, mais eu aprendia a lidar com isso. Enquanto eu ajudava o pessoal, eles me ajudavam... Acho que vem daí a minha relação ser relativamente forte com quem segue o que eu faço.

L.F.: Você encontrou alguma dificuldade para erguer a turnê em tributo ao Michael Jackson?

Foto do espetáculo "Tributo ao Rei do Pop"

R.T.: Encontrei TODAS, de pessoas que diziam que o Michael Jackson era “queimado” para o grande público, as pessoas que diziam que o público não ia sair de casa para ver uma pessoa “fingir” ser Michael Jackson. Eles não entendiam do que se tratava o show... Eu não finjo ser o Michael, eu mostro que de alguma forma a arte dele vive dentro de outras pessoas. Seja eu, seja você, seja outro fã. Demorou até que alguém entendesse, na verdade algumas pessoas que ajudaram, ajudaram porque viam muito amor no que eu fazia, mas não acreditavam também. Fiz o show achando que seria uma única apresentação. Que com sorte eu conseguiria fazer uma por ano e tal (risos).

L.F.: Como surgiu o contato direto com o LaVelle Smith, que foi dançarino e coreógrafo de MJ por mais de 20 anos?

LaVelle Smith e Rodrigo Teaser 

R.T.: Eu mandei mensagem pra ele um dia... “Muuuuuito” tempo depois, mais de um ano, ele respondeu. A minha mensagem não era um pedido, não era uma propaganda, era um agradecimento, existem pessoas que estavam ao redor do MJ, que contribuíram de verdade para o crescimento dele. Lavelle é uma dessas pessoas na minha opinião. Quando ele respondeu e curtiu minha pagina eu achei que era fake até (risos). Daí eu pedi para mostrar um vídeo, de um show que a gente tinha feito e tal. Ele gostou muito, reconheceu o nosso esforço em reproduzir detalhes e disse que queria se envolver, assim, espontaneamente. Para mim esse é o maior prêmio que eu tive com toda a minha carreira.

L.F.: Você tem um timbre de voz bem gostoso de se ouvir. Precisou de aulas de canto? E para a turnê do tributo, conte como foi toda a preparação.

Rodrigo Teaser se preparando para entrar em cena

R.T.: Eu fiz aulas de canto pela primeira vez aos 15 anos. A música sempre fez parte da minha vida. De lá pra cá sempre tive aulas esporádicas. Desde 2012 tenho aulas regularmente com o mesmo professor, o Cauê Ferreira, que por uma sorte do destino é aluno do Seth Riggs e é uma das pessoas que possuem autorização direta para dar aula com a técnica speech level singing no Brasil. Ao contrário da preparação comum para que eu cante minha próprias músicas, a preparação para o show tenta aproximar meu timbre ao timbre do MJ, não é uma coisa muito fácil e as vezes confortável, porque a gente tenta preservar os tons e tudo mais. Mas faz parte do desafio.

L.F.: Você mantém algum contato com a família do astro?

R.T.: Não, nunca fui muito de buscar contato com a família. Eu sempre tive uma admiração e vontade de me aproximar de pessoas que trabalharam com ele, hoje além do Lavelle, tenho contato com outros membros da equipe, alguns que devem vir ao Brasil, outros que espero me encontrar lá fora, outros que devo trabalhar no meu trabalho autoral.
Não por ter nada contra a família, pelo contrário, eu adoraria poder conhecê-los, ter o prazer de poder estar com alguns deles, saber como era ter alguém como MJ como parte da família. É que penso que MJ se distanciou da família por uma vontade própria e teve algumas pessoas como membros da equipe por longa data... Só por isso que tenho essa preferência. Mas tem alguns membros da família que eu adoraria poder ver.

L.F.: Você já teve algum momento, ao longo destes anos em que você se dedicou inteiramente em fazer cover do astro Pop, algum fato marcante com ele?

Espetáculo "Tributo ao Rei do Pop"

R.T.: Todos os fatos podem ser. Você conseguir colocar de pé um show que sonhou é marcante. Uma reação de uma criança que se emociona pela primeira vez num show, enfim, muitas coisas são marcantes. Todo show é especial. E acho que isso é o legal, torna cada momento único.

L.F.: O que a sua família achou desta ideia de se transformar no cover de Michael Jackson?

R.T.: Minha família é a melhor, eles sempre me apoiaram, sempre compreenderam que isso era uma coisa que acima de tudo me fazia feliz. A preocupação deles sempre veio em torno da instabilidade, das dificuldades de se fazer algo que não imprime respeito inicialmente. As pessoas não sabem muito como é. E sendo família então, rola um medo de que você se prejudique, não tenha um plano B e coisas do tipo.

L.F.: Recentemente você lançou a música “Hey!”, que com as batidas e os ritmos faria o Michael Jackson sorrir facilmente. O que levou você a querer trilhar o próprio caminho, deixando “de lado” essa questão do cover? São trabalhos diferentes, ou paralelos um ao outro?

R.T.: Eu penso que cada cover escolhe um caminho a seguir, uma forma de interpretar o MJ, “meu MJ” é resultado da minha visão sobre ele. E cada cover tem a sua. Na minha visão, eu não devo “criar” em cima do MJ, não gosto de inventar roupas, coreografias, não gosto de mexer nos timbres e tons das músicas. Acho que ele criou de uma forma e deve ser respeitado. Mas como artista eu tenho vontade de criar, de externar minha visão de algumas coisas, não faço isso como cover, então resolvi fazer como eu mesmo, (risos). Eu já componho há um tempo, uns 10 anos quase. Comecei a produzir músicas próprias em 2007, de lá pra cá eu produzo, arranjo, descarto, produzo de novo, eu já perdi as contas de quantas músicas eu já fiz, joguei fora ou engavetei. Quando MJ se foi, eu percebi que alimentei minha vida em torno de 2 sonhos, conhecê-lo e ter uma carreira própria. De repente eu me dei conta que dediquei minha vida muito mais a um deles e que não importa o que eu faça eu nunca poderia realizar. Resolvi vencer alguns medos e alguns “fantasmas” e preparar um projeto meu. Ano passado todo eu gravei musicas, produzidas pelo Joeblack, Hey! É a primeira, mas temos pelo menos mais 7 musicas... Meu trabalho autoral não interfere meu trabalho como cover, sei que uma coisa não muda a outra. Pretendo em breve deixar as coisas muito mais claras, ter um show tributo e ter meu show autoral. Hoje eu compreendo que é totalmente viável ter as duas coisas. E querendo ou não, o trabalho autoral, me dá um respeito que o trabalho como cover não me dá, são satisfações diferentes que eu tenho com cada um.

L.F.: Quais são as novidades para o segundo semestre? Vem CD autoral por ai? Ou melhor ainda, um DVD?

Divulgação da música "Hey"

R.T.: Deve rolar um CD, mais clipes e show autoral. DVD ainda não... É muito cedo. Por mais ansioso que eu seja, a calma é fundamental nesse ramo. Até porque estamos desde o inicio desse ano tentando uma liberação... Ano passado quando Lavelle veio e participou do show, nós gravamos o show. Gravamos com a possibilidade de fazer um DVD comercial mesmo, unidade móvel de áudio, várias câmeras, gruas, tudo... Mas isso só poderá ser realizado com as devidas liberações.

L.F.: Como fazer para dar conta de uma agenda tão cheia? O Rodrigo ainda tem vida social? (risos)

R.T.: Eu não tenho a agenda tão cheia (risos). Eu corro muito porque ao contrário do que a galera pensa, não temos um grupo de pessoas que fazem tudo pelo show o tempo todo. Hoje temos uma equipe grande, uma produção numerosa apenas no que diz respeito à execução do show, ali, na hora do palco. Mas um show começa meses antes, com documentação, contrato, liberação. Temos que fornecer uma série de documentos, tentar sempre conseguir um apoio, uma luz melhor, um equipamento melhor... Acertos dos direitos autorais. Fora a parte de deixar tudo certo com todas as pessoas da equipe... Tudo isso é feito aqui em casa, por mim e pela Priscila, mais por ela até do que por mim. Fora isso, tem a manutenção do show, figurinos, botas, acessórios, na pressa do show algumas vezes podem danificar... A gente tem que cuidar disso também. Eu tenho vida social, (risos), mas tenho muita sorte da minha família e amigos compreenderem que a minha escolha de vida foi essa, entenderem que a minha vida gira em torno disso. Em torno do que envolve estar num palco. É isso...

L.F.: Uma música que marcou a sua vida? Por quê?

R.T.: Man In The Mirror... Muito antes de eu saber o que ela queria dizer, quando eu tinha uns 8 ou 9 anos, ela já era a minha favorita. Ele traduz o sentimento que o MJ imprimiu em mim e como eu acho que devíamos todos nos ver e ver o mundo. Essa musica não foi composta pelo MJ, mas ele se apoderou dela de uma forma tão genuína, tão linda, que ninguém poderia fazer melhor do que ele.

L.F.: Se você tivesse poderes mágicos para realizar um desejo, qual seria?

Rodrigo Teaser com parte da coleção
 do astro Michael Jackson

R.T.: Eu sempre quis voar, mas sempre achei que o melhor poder de todos seria de voltar no tempo, (não é a toa que um dos meus filmes favoritos é De volta para o futuro), eu acho que esse poder supera todos. Eu poderia voltar no tempo e corrigir erros, poderia mudar rumo da história, evitar sofrimentos... Poderíamos mandar recados para nós mesmos, coisas do tipo: “aproveite esse momento, viva mais momentos assim”, “não aceite tal coisa”, “dê ouvido para seu coração”... E de certa forma poderia evitar que pessoas queridas tivessem passado por coisas que passaram (risos). Claro que isso tudo é uma suposição, uma brincadeira... Acredito com toda força do meu ser que todas as coisas que passamos são lições, todos estamos aqui para evoluir e a nossa evolução passa por bons e maus momentos, todos nós devemos evoluir pelos nossos acertos e nossos erros, assim como aprendemos com o acerto e os erros dos outros. Mas poder mudar certas coisas, seria incrível.

L.F.: Rodrigo muito obrigado mais uma vez, e agora deixe um recado para nossos leitores.

Rodrigo Teaser em "Tributo ao Rei do Pop"

R.T.: Eu quero agradecer a vocês por me abrirem esse espaço, permitirem que eu fale de mim, do que eu faço, do MJ e de como ele mudou minha vida. Poder falar da minha arte. Agradeço a quem leu isso tudo, que teve paciência para ler, espero que tenham gostado de saber um pouco sobre mim. E sejam todos bem vindos, a minha página, ao meu show, enfim... Sejam bem vindos a minha vida. Beijos!

Clique aqui e assista a música "Hey" de Rodrigo Teaser.

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